Você tem controle remoto, celular velho e pilhas enferrujadas guardadas na gaveta? Entenda o problema de acumular lixo eletrônico e saiba como descartá-los corretamente Esquecer um celular antigo na gaveta, acumular carregadores que não servem mais, não descartar controle remoto que não funcionam e guardar pilhas enferrujadas pode parecer inofensivo, mas esse hábito contribui para um problema ambiental crescente: o lixo eletrônico. Quase metade dos brasileiros (49%) não sabe como fazer o descarte correto desses itens, segundo a Descarbonize Soluções. No Dia Mundial da Reciclagem (17), o TechTudo mostra por que é hora de esvaziar as gavetas e dar destino certo aos seus eletrônicos antigos, bem como os perigos de guardar esses tech sem utilidade.
Ainda de acordo com o levantamento, muitos dos aparelhos são guardados de forma acidental, esquecidos, mas uma parcela ainda maior só não é dispensada por falta de informação, podendo acarretar em diversos problemas. No entanto, existe uma solução simples: a reciclagem. A seguir confira um guia especial para te ajudar a entender como lidar melhor com o lixo eletrônico.
Por que acumulamos eletrônicos velhos?
Os motivos que levam ao acúmulo de eletrônicos velhos, que não oferecem muita utilidade, são os mais diversos. Da perspectiva psicológica, aparelhos antigos podem representar uma conexão emocional com momentos mais simples da vida, como é o caso dos pendrives ou outros tech dos anos 2000. Quase 15% dos brasileiros entrevistados no estudo da Descarbonize Soluções admitem que a maior dificuldade para não descartar seus dispositivos vem do apego por estes aparelhos.
Também há uma forte sensação de segurança atrelada à prática, de um preparo para possíveis imprevistos. A mesma pesquisa revela que cerca de 9% dos brasileiros mantêm celulares velhos guardados como substitutos em possíveis situações de roubo ou em caso de problemas com o dispositivo atual. Outros motivos revelados pela organização são a falta de conhecimento dos processos de descarte (49%) e a ausência de pontos de coleta adequados em áreas próximas ao consumidor (73%).
Por que isso é um problema?
Apesar de parecer uma prática inocente, o acúmulo de lixo eletrônico causa transtornos na esfera ecológica e logística, com impactos que podem ser sentidos em toda a cadeia de produção de novos aparelhos. Para começar, estes dispositivos costumam incluir baterias que funcionam a partir de metais pesados. Com o desgaste natural dos componentes, esses materiais tóxicos tendem a vazar e oferecer problemas para o consumidor, na ausência absoluta de descarte, e contaminar o meio-ambiente, quando dispensado de forma inadequada. Na natureza, essas substâncias podem causar danos a animais, fontes de água e até humanos, com a bioacumulação de metais no organismo.
Outra consequência da destinação inadequada é a perda e desperdício de materiais importantes para a construção de novos produtos. Enquanto a reciclagem garante o retorno de elementos essenciais para a escala industrial, o descarte inconsequente exige uma nova extração da matéria-prima, o que exige maiores gastos das empresas e uma agressão maior ao meio ambiente. A prática também pode levar a dificuldade em encontrar certos dispositivos nas lojas, especialmente aqueles que dependem de semicondutores, mercado que sofreu uma forte crise nos últimos anos, segundo a Forbes.
O Brasil no ranking do lixo eletrônico
Celulares lideram a lista do apego
Sem grande empenho de autoridades e empresas do segmento em solucionar a questão, o problema do aumento descontrolado de lixo eletrônico avança silenciosamente no país. O Brasil já é o 5º maior produtor de e-lixo do mundo, com uma geração de 2,4 milhões de toneladas ao ano. Desses descartes, apenas 3% acabam sendo reciclados. Nas Américas, o gigante latino só perde para os Estados Unidos, um marco que não é motivo algum de orgulho.
De acordo com a pesquisa, as principais causas para uma classificação tão elevada no ranking envolvem a maneira com que os brasileiros consomem tecnologia e dificuldades de acesso ao descarte adequado de componentes.
Cerca de 75% dos entrevistados admitiram que compram novos eletrônicos mesmo quando os dispositivos atuais, que já possuem, ainda funcionam de maneira adequada. Isso revela que a maior motivação por trás das compras de eletrônicos não é a funcionalidade ou necessidade, impulsionados pela prática abusiva da indústria de obsolescência programada, mas sim um impulso consumista em seguir tendências.
Quase 30% dos brasileiros trocam de aparelhos com frequência só para acompanhar a moda, o que gera um lixo eletrônico que sequer é percebido. Afinal, a mesma pesquisa mostra que 89% dos consumidores não consideram a geração de lixo eletrônico no momento da troca do aparelho. Assim, consumidores contribuem para o aumento da poluição sem perceber.
As dificuldades estruturais de acesso a pontos de coleta também não podem ser menosprezadas. A falta de locais especializados foi apontada como a principal dificuldade dos cidadãos na reciclagem de lixo eletrônico (73%), seguido da falta de informação em onde e como realizar esse descarte (49%). A dificuldade em transportar os produtos até os pontos de coleta também atinge quase um quarto dos entrevistados (23%). Problemas que precisam ser solucionados em conjunto pelo poder público e pela iniciativa privada.
O que fazer com eles?
De televisores quebrados a controles de videogame, se usa pilha ou vai à tomada, é um lixo eletrônico e deve ser reciclado. As opções seguras de descarte podem ser mais práticas do que se imagina. Muitos condomínios ao redor do Brasil mantêm áreas próprias de descartes para pilhas e baterias de notebooks, componentes que mais geram dúvida dos consumidores em como se descartar adequadamente (54%). Lojas de departamento e supermercado também costumam realizar este serviço.
Outra opção é entrar em contato com cooperativas de catadores de lixo locais. A grande maioria oferece serviços gratuitos de coleta própria. Existe ainda a cooperativa Circoola, que agenda de forma virtual coletas gratuitas diretamente do próprio site. Também é possível levar o resíduo para um Ponto de Entrega Voluntária, mantido por fabricantes e importadores por obrigação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. O local mais próximo pode ser encontrado no site do Green Eletron.
Fonte: Techtudo